Jackson Erpen - Cidade do Vaticano
Preocupado com as informações que chegam da Síria, o Papa Francisco voltou a lançar um apelo neste domingo pelo diálogo e pela salvaguarda da vida e o destino dos civis:
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"Continuam a chegar notícias dolorosas do noroeste da Síria, em particular sobre as condições de muitas mulheres e crianças, de pessoas forçadas a fugir devido à escalada militar. Renovo meu sincero apelo à comunidade internacional e a todos os protagonistas envolvidos, para valerem-se do uso dos instrumentos diplomáticos, do diálogo e das negociações, no respeito do Direito Humanitário Internacional, para salvaguardar a vida e o destino dos civis. Rezemos por esta amada e martirizada Síria: Ave Maria...".
Carta do Papa a Assad
“O Papa acompanha com apreensão e grande tristeza o destino dramático das populações civis, especialmente das crianças que são envolvidas nos combates sangrentos. A guerra, infelizmente, continua, não parou, continuam os bombardeios, várias estruturas de saúde foram destruídas naquela área, enquanto muitas outras tiveram que suspender suas atividades total ou parcialmente”, havia dito o cardeal Pietro Parolin ao comentar a carta enviada pelo Papa Francisco a Bashar al-Assad em julho de 2019.
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Na missiva, o Pontífice havia pedido ao presidente sírio para que a vida dos civis fosse protegida e para que as principais infraestruturas, como escolas, hospitais e centros de saúde, fossem preservadas. E insistiu para que o mandatário fizesse de tudo para deter essa catástrofe humanitária e para salvaguardar a população indefesa, em particular os mais vulneráveis, no respeito ao Direito Humanitário Internacional.
Em sua carta o Santo Padre citou três vezes a palavra ‘reconciliação’. “Este é o seu objetivo, para o bem daquele país e de sua população indefesa”, havia explicado o cardeal Parolin. O Papa também havia encorajado o presidente sírio a fazer gestos significativos neste processo de reconciliação cada vez mais urgente, dando exemplos concretos, como as condições para um retorno seguro dos exilados e deslocados internos e para todos aqueles que querem retornar ao país depois de terem sido obrigados a abandoná-lo. Citou ainda a libertação de prisioneiros e o acesso das famílias a informações sobre seus entes queridos.
Risco de nova emergência humanitária
Os combates na região síria de Idlib podem provocar uma emergência humanitária sem precedentes. São cerca de 90.000 os civis deslocados na região nos últimos 5 dias devido à intensificação da ofensiva do exército sírio, apoiado por forças russas.
Segundo relatado pela Coordenação para a resposta às operação na Síria - organização próxima à Ancara - a maior parte dos deslocados dirigiu-se para a fronteira com a Turquia. Os refugiados fogem das regiões de Ariha, Saraqeb e Jabal al-Zawiya, no centro da ofensiva das forças de Damasco, que na última segunda-feira entraram em conflito com os turcos, em um dos incidentes mais graves dos últimos anos.
Segundo a ONU, os deslocados em Idlib desde dezembro são cerca de meio milhão, 80% dos quais são mulheres e crianças. E as ajudas escasseiam.
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Alta a tensão na região
O exército turco enviou novos reforços à Síria para seus postos militares na Província de Idlib. Um comboio com cerca 150 veículos transportou munições e experts das forças especiais passou pela cidade fronteiriça turca de Reyhanli na sexta-feira. Outros 20 veículos blindados foram enviados, segundo a agência Anadolu. "O menor ataque encontrará uma resposta forte, nossas posições de monitoramento permanecerão ativas em Idlib", disse o Ministério da Defesa de Ancara em um comunicado.
No sábado uma delegação russa esteve na Turquia para buscar uma saída para a crise. Há três dias, o presidente russo Vladimir Putin já havia discutido sobre a crise com o presidente turco Recep Tayyip Erdoğan.
No contexto militar, as forças do governo sírio apoiadas pelas forças russas assumiram o controle total de Saraq na sexta-feira, uma cidade estratégica na região noroeste de Idlib. O cerco à cidade, tomada dos rebeldes apoiados pela Turquia, durou quase uma semana.
O Observatório Nacional de Direitos Humanos na Síria e outras fontes no terreno confirmam que Saraqeb, no cruzamento das duas rodovias Latakia-Aleppo e Hama-Aleppo, "está agora nas mãos das forças de Damasco". E na última quarta-feira, a mídia do governo havia anunciado a retomada de Saraqeb, mas fontes locais e militantes anti-regime negaram o fato.
A ONU documentou o deslocamento de mais de 200.000 pessoas nas últimas duas semanas da área de Saraqeb e dos distritos vizinhos, palco da ofensiva governo e de forças russas.
(Com L’Osservatore Romano)
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